Em 2002, o mercado brasileiro de TV por assinatura ainda sofria os impactos da crise financeira, agravada pela redução do número de clientes em praticamente todas as operadoras. De acordo com dados divulgados à época pela ABTA, o mercado registrou queda de 70 mil assinantes em relação ao ano anterior. Neste cenário, era fundamental se reinventar. Foi o que fez a Globosat.
Ao reavaliar as despesas dos seus canais de TV paga, a Globo tomou uma importante decisão. Há anos, o grupo havia deixado clara a sua intenção em investir em programação, mas, em tempos difíceis, essa iniciativa tinha um preço salgado. Para que pudesse seguir normalmente com as operações dos seus então mais de 15 canais Globosat, o grupo decidiu, aos poucos, abrir mão da distribuição de programação, reduzindo sua participação nas operadoras de cabo e satélite. A Globo passava a focar na produção de conteúdo de informação e entretenimento.
A primeira iniciativa desta mudança de rumo foi tomada em agosto, quando a Globo transferiu para a sua sócia, News Corporation, o controle da SKY. O grupo norte-americano, até então acionista minoritário com 36% da SKY, assumiu as gerências administrativa e financeira da operadora, o que deu mais fôlego à empresa no mercado brasileiro. Essa mudança, no entanto, não afetou a negociação de programação, que continuou sendo realizada pela NET Brasil (ainda sob forte influência da Globo), tanto para a SKY quanto para a NET. A SKY havia fechado o primeiro trimestre daquele ano com 710 mil assinantes. Para começar o trabalho, a holding indicou o diretor-financeiro da Sky, Ricardo Miranda, para presidir a companhia. E impôs o desafio: chegar a 1 milhão de assinantes no ano seguinte.
Enquanto adquiria ações da SKY no Brasil, a News também atacava no mercado norte-americano, articulando a compra da DIRECTV. Um ano antes, a FCC (Federal Communications Commission), agência americana para as comunicações, já havia vetado a aquisição da DirecTV pela Echostar, já que duas empresas eram as maiores a operar TV paga via satélite nos Estados Unidos.
PRÓXIMO CAPÍTULO:
A francesa TV5 Monde ganha um toque brasileiro